Bobby Fischer, 29 anos, é coroado campeão mundial de xadrez ao derrotar o russo Boris Spassky em Reykjavik, Islândia em 1º de setembro de 1972. Fischer perderia o título em 1975, ao recusar as regras do torneio contra o russo Anatoly Karpov, que se tornaria campeão do mundo por desistência.
Fischer foi um grande mestre norte-americano de xadrez. É por muitos considerado um dos maiores enxadristas de todos os tempos, um gênio descrito por um grande-mestre russo como “um Aquiles sem o calcanhar de Aquiles.”
Aos 13 anos já era tido como uma “lenda do xadrez”. Aos 15 anos, tornou-se o mais jovem grande mestre e candidato ao Campeonato Mundial até então. Fischer ganhou o campeonato nacional 1963–64 por 11 a 0, o único placar perfeito da história do torneio. Tornou-se em 1971 o primeiro colocado do primeiro ranking oficial da Federação Internacional de Xadrez, posto em que permaneceu ao longo de 54 meses.
Spassky, por sua vez, era considerado um jogador equilibrado podendo adaptar seu estilo de jogo ao do adversário, o que lhe conferia vantagem para levar de vencida muitos grandmasters. No match final do torneio dos candidatos contra Mikhail Tal o lendário tático em Tbilisi, 1965, Spassky conseguiu conduzir o jogo evitando a força da tática de Tal. Esta vitória conduziu-o para o seu primeiro match pelo Campeonato do Mundo contra Tigran Petrosian em 1966. Spassky acabou perdendo por 12,5 a 11,5, mas ganhou o direito a desafiar Petrosian novamente três anos depois. Mais uma vez, a flexibilidade do estilo de Spassky foi a chave para a vitória sobre Petrosian por 12,5 a 10,5, em 1969.
A disputa Spassky vs. Fischer foi amplamente divulgada como mais um confronto da Guerra Fria. O torneio atraiu maior interesse mundial do que qualquer disputa enxadrística anterior. Fischer teimosamente escolheu Belgrado, Iugoslávia como local da disputa, enquanto Spassky optava por Reykjavik. Por um momento parecia que o encontro se dividiria entre as duas cidades. Depois de resolvida essa questão, Fischer recusou descer na Islândia até que o prêmio pela conquista fosse elevado. O financista londrino aportou 125 mil dólares adicionais, trazendo o prêmio para inéditos 250 mil dólares.
Fischer prestou especial atenção ao seu preparo físico, o que era um comportamento relativamente novo para os jogadores de xadrez à época. O confronto teve lugar de julho a setembro. Fischer perdeu as duas primeiras partidas de modo inusual: a primeira quando fez um arriscado lance com o peão em final de partida que se encaminhava para empate e na segunda por ausência ao se recusar a jogar nas condições existentes. Fischer preferia abandonar o torneio, porém Spassky, não querendo ganhar por ausência, cedeu às exigências do oponente, mudando o local da partida seguinte para uma sala interior, longe das câmeras. Após essa partida, o match voltou ao palco e seguiu sem mais incidentes. Das 19 partidas restantes, Fischer ganhou sete, empatou 11, perdeu apenas uma, ganhando o torneio por 12½ a 8½, tornando-se o 11º Campeão Mundial.
A Guerra Fria no auge transformou a disputa em sensação nos meios de comunicação. Chamado de “O Torneio do Século” recebeu cobertura de primeira página. O triunfo de Fischer foi uma vitória de Washington num campo em que os jogadores soviéticos haviam dominado por mais de meio século.
Cidadania
Nos últimos anos, Fischer viveu na Hungria, Alemanha, Filipinas, Japão e Islândia. Durante esse tempo emitiu declarações fortemente antiamericanas e anti-semitas, a despeito de sua ascendência judaica. Tendo seu passaporte norte-americano cancelado, foi detido pelas autoridades japonesas por 9 meses sob ameaça de deportação.
Em fevereiro de 2005, a Islândia concedeu-lhe o direito de residência como um ‘apátrida’. Tendo o Japão recusado libertá-lo com essa condição, o parlamento islandês votou pela concessão de cidadania plena em março de 2005. Passou a viver na Islândia até sua morte em 2008. Spassky vive na França, casado com uma francesa.
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticia/HOJE+NA+HISTORIA
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