sábado, 30 de janeiro de 2010

Partida 01

Kortchnoi,Victor - Karpov,Anatoly [D53] Match pelo Campeonato Mundial (9) Merano, 1981

A Luta contra o Peão Dama Isolado
1.c4 e6 2.Cc3 d5 3.d4 Ae7 4.Cf3 Cf6 5.Ag5 h6 6.Ah4 0-0 7.Tc1 dxc4 8.e3 [Parecia mais ativo 8.e4 ,entretanto após : 8...Cc6 9.e5 (se 9.Axc4 Cxe4! 10.Axe7 Cxc3 11.Axd8 Cxd1 12.Axc7 Cxb2 13.Ab5 a6 14.Ae2 (14.Axc6 Cd3+ 15.Rd2 Cxc1 16.Ae4 Cxa2 17.Ad6 Td8 18.Ac5 e5 19.Cxe5 (19.Ta1 Ae6) 19...Cb4) 14...Cb4 15.0-0 Cd5 e não se vê uma compensação muito clara pelo peão) 9...Cd5 10.Axe7 Ccxe7 11.Axc4 Cxc3 12.bxc3 b6 13.De2 Ab7 14.Aa6 Ad5 15.0-0 c5 16.dxc5 bxc5 17.Ac4 (V. Tukmakov - A. Belyavsky ,Tilburg 1984) ,nenhum dos bandos poderia reclamar qualquer vantagem.] 8...c5 9.Axc4 cxd4 10.exd4 [As brancas poderiam ter optado por 10.Cxd4 ,porém a pequena vantagem no desenvolvimento seria insuficiente para alterar o equilíbrio estabelecido pela simetria da estrutura de peões.]







Chegamos a uma posição típica do Peão da Dama Isolado. Em essência representa uma debilidade ,mas na situação em que se encontra concede as brancas uma considerável vantagem de espaço ,além de assegurar ao cavalo branco de "f3" um importante ponto de apoio em "e5".Se estas conseguirem se apoderar da iniciativa então tudo estará compensado , mas se limitarem apenas a defesa de sua fraqueza ,então as pretas poderão contar com um futuro mais promissor. 10...Cc6 11.0-0 Ch5! [As pretas aproveitam-se da posição do bispo branco em "h4" para realizar uma útil simplificação ,pois com a troca das peças menores diminui o vigor da iniciativa branca. 11...Cb4 com a ideia de bloquear o peão "d4" era uma outra alternativa; enquanto que 11...Cd5 12.Ag3 as brancas poderiam evitar a troca dos bispos (se 12...Cxc3 13.bxc3 e o peão "d4" deixaria de ser débil).] 12.Axe7 Cxe7 13.Ab3 [As brancas poderiam ter se desfeito de sua debilidade mediante : 13.d5 exd5 14.Cxd5 Cxd5 15.Axd5 Cf4 16.Ae4 Dxd1 17.Tcxd1 Ae6 ,contudo a posição resultante levaria apenas a um precoce empate. Teria sido algo frustrante para um lutador da estirpe de Kortchnoi ,principalmente levando-se em conta o placar adverso àquela altura do match.] 13...Cf6 14.Ce5 Ad7 15.De2 Tc8 16.Ce4? [Esta simplificação não faz mais do reduzir as possibilidades ofensivas e muito em breve restará apenas o lado negativo do peão isolado. Melhor teria sido 16.Tfe1 ao que as negras poderiam responder com 16...Tc7 a) ou 16...Ae8 e o jogo prosseguiria indefinido.; b) Ao passo que se : 16...Ac6? seguiria um típico sacrifício : 17.Cxf7 Txf7 (17...Rxf7 18.Axe6+ Re8 19.Axc8) 18.Dxe6; ] 16...Cxe4 17.Dxe4 Ac6 18.Cxc6 Provavelmente teria sido mais razoável evitar esta nova troca ,embora o bispo negroficasse forte na grande diagonal. 18...Txc6 19.Tc3 [Nos resta crer que Kortchnoi pretendia jogar 19.Txc6 e apenas agora se apercebeu que após 19...bxc6! sua posição seria difícil ,pois o cavalo provar-se-ia muito mais eficaz do que o bispo, já que ele tanto poderia defender o peão de "c6" quanto atacar o peão "d4" , enquanto que o bispo poderia somente realizar uma das funções. (Claro que se : 19...Cxc6 20.d5 exd5 21.Axd5 o bispo tornar-se-ia superior ao cavalo.) ] 19...Dd6 20.g3 [Este movimento impede a passagem da torre ao flanco do rei e consequentemente as brancas abandonam qualquer esperança de ataque neste setor. Embora depois de : 20.Ac2 g6 21.Th3 Cf5 não se veria como aproveitar as debilidades negras próximas ao rei.] 20...Td8 21.Td1 Tb6 Agora ,sem a necessidade de se preocupar com a defesa ,Karpov inicia uma série de manobras que visam atar as peças de seu oponente à defesa do ponto vulnerável "d4". 22.De1 Dd7 23.Tcd3 Td6 24.De4 Dc6 25.Df4 [Não era de se recomendar : 25.Dxc6 Cxc6 26.d5 Cb4 e o peão cairia.] 25...Cd5 26.Dd2 Db6 27.Axd5?! [As brancas deveriam ter se defendido da ameaça Cb4 com 27.a3 . Talvez o cavalo seja incômodo ,mas o desenrolar dos acontecimentos vai mostrar que com apenas peças pesadas na partida o cerco ao peão isolado fica facilitado.] 27...Txd5

Todas as peças menores desapareceram de cena. Como incrementar o ataque a "d4" ? Para essa função o peão "e6" pode servir de aríete. Já existe a possibilidade de e5. 28.Tb3 Dc6 29.Dc3 Dd7 30.f4 Essa era a única maneira de evitar a ameaça citada anteriormente. No entanto , há uma grave contra-indicação para esta solução : se algum dia as peças pesadas negras penetrarem na sétima fila o rei branco pode correr um grave risco. Como muitas vezes acontece para se livrar de um problema cria-se outro às vezes maior. 30...b6 31.Tb4 b5 32.a4 Forçado em vista da possibilidade de a5 seguido de b4. 32...bxa4 33.Da3 a5 34.Txa4 Agora a torre e a dama brancos encontram-se presos à ala da dama. As pretas repentinamente mudam o seu foco : desistem do sítio à debilidade "d4" e partem para a caça ao rei branco. 34...Db5 35.Td2 e5! 36.fxe5 Txe5 37.Da1 As brancas momentâneamente impedem a invasão das duas primeiras filas. 37...De8! 38.dxe5 [Já não era possível evitar a entrada da torre : 38.Rf2 Tf5+ 39.Rg2 De4+] 38...Txd2 Agora torna-se muito visível a ausência do peão "f2". Resta apenas à dama negra coordenar suas ações com a torre para decidir o resultado da contenda. 39.Txa5 Dc6 40.Ta8+ Rh7 41.Db1+ g6 42.Df1 Dc5+ 43.Rh1 Dd5+ seguido de Td1. 0-1

Ref.: http://evematsuura.blogspot.com/

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Artigo 01 - O jogo da Vida

O jogo da Vida

A vida.
Comparo-a com uma partida de xadrez.
É preciso ser estrategicamente perfeito para vencer. Todo lance deve ser analisado com cautela. Um descuido, levamos xeque-mate, perdemos todo um trabalho começado, voltamos à estaca zero.
Muitas vezes deparamo-nos com uma encruzilhada. E agora? Que caminho seguir? Que decisão tomar? Qual o melhor lance a ser feito? Diante do tabuleiro a posição das peças pode nos oferecer várias opções de jogadas. Muitas podem parecer boas. Geralmente, apenas uma conduz à vitória. Da nossa escolha depende o sucesso ou o fracasso. E após constatar que fizemos a escolha errada, segue um amargo arrependimento. Assim na vida!
No xadrez inexiste o fator “sorte”. Tudo depende da precisão com que jogamos. Pensando bem, no jogo da vida, o que chamamos “sorte” também é conseqüência daquilo que somos, daquilo que fazemos, da habilidade com que guiamos nossos passos.
Jogando xadrez, em certas ocasiões, é necessário ter coragem. Mover as peças de maneira ousada. Fazer um sacrifício. Não perder a iniciativa. Ou seja, não temer desistir do bom para buscar o melhor. Arriscar. E principalmente quando se está em desvantagem. Afinal, não é melhor perder arriscando, do que perder sem ao menos ter feito algo para buscar a vitória?
O destino nos prega peças. Quantas vezes você considerou uma “partida” ganha, mas uma reviravolta mudou a sorte do jogo? Estamos submissos a imprevistos. Muitas coisas podem acontecer de uma maneira contrária a que estamos calculando. Quantas vezes já fomos traídos pelo excesso de confiança? Quantas vezes tudo parecia ir pelo caminho certo, mas o oponente ainda conseguiu nos superar? Quantas vezes a vitória estava em nossas mãos e escorreu pelos nossos dedos? Falta de sorte? Certamente não. Então, que peça foi movida erradamente, ou, que falha cometi? Arrogância demais? Prepotência demais? Ou foi o contrário: timidez demais, falta de iniciativa, falta de coragem...
Assim, é necessário jogarmos para ganhar, mas também devemos estar psicologicamente preparados para uma eventual derrota.
Porém, da mesma forma de que vez em quando perdemos, o futuro pode nos trazer a agradável surpresa de uma vitória, ainda que a batalha pareça perdida. A perseverança, o sacrifício, a dedicação e o bom senso sempre são recompensados por Deus. É aí que podemos estabelecer a analogia mais importante entre o xadrez e a vida: nunca devemos desistir sem lutar.

Paulo Antonio dos Santos

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010