domingo, 21 de julho de 2013

Benefícios do xadrez para a capacidade intelectual

O pequeno Henry Arauz, de 7 anos, campeão da região central de Cochabamba, Bolívia (Fotos: Efe)
Segundo uma lenda muito popular sobre o xadrez, um rei quis recompensar seu inventor fazendo o que ele quisesse. O sábio “somente” pediu um grão de cereal pela a primeira casa do tabuleiro, o dobro pela seguinte e assim sucessivamente, até a última. Assim, o monarca comprovou que não havia cereal suficiente em seu reino para recompensar o criador do jogo.

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Os benefícios para o intelecto do jogo de reis, bispos e peões não são tantos como os da lenda, mas sua quantidade aumenta  sem cessar, segundo as últimas pesquisas.

Um estudo pioneiro na Europa, em que participou um grupo de estudantes de centros escolares de Madrid (Espanha), revelou os benefícios do xadrez no tratamento de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) infantil.

Dirigido pelo psiquiatra Hilario Blasco, do Centro de Saúde Mental de Collado-Villalba e Luis Blasco, presidente do “clube Xadrez 64”, o projeto “Xeque Mate ao TDAH” detectou melhoras escolares e de comportamento das 44 crianças e adolescentes que participaram de um primeiro experimento piloto com o xadrez.

Segundo os responsáveis pelo projeto, os estudantes receberam durante três meses, uma hora por semana, aulas de xadrez acompanhadas de uma série de exercícios e orientações, adaptados a estas crianças, que tendem a ser mais inteligentes do que o normal, ainda que muitas vezes falham na escola e têm um risco elevado de realizar atividades perigosas.

Segundo o doutor Hilario Blasco, nenhuma das crianças deixou este “programa específico de xadrez, que produz melhorias no comportamento em casa,  nas notas da escola, sobretudo em Matemática, na sociabilidade e uma redução das consultas médicas”.


Bálsamo para a hiperatividade
Os pais dos participantes também notaram que seus filhos conseguem se concentrar mais e pensar mais tempo em seus deveres escolares sem ter nenhuma interrupção, segundo os autores, que explicaram que “as crianças que mais jogam xadrez parecem ser os que mais melhoram; há um efeito de resposta à dose”.

Eles acrescentam que o jogo de 64 casas mostrou múltiplos benefícios no desenvolvimento da capacidade intelectual e na inteligência emocional, e no rendimento escolar da maioria das crianças e jovens que o praticam, mas este estudo é pioneiro em explorar seus benefícios em um transtorno específico como o TDAH.



Segundo outro trabalho da Faculdade de Psicologia, da Universidade de La Laguna (Ilhas Canárias), a prática extraescolar continuada do xadrez melhora, nos estudantes de 6 a 16 anos, a capacidade  de captação (abstração) verbal,  atenção, resistência à distração, organização perceptiva, análise, síntese, coordenação visual-motora, rapidez, planejamento e previsão. 

Segundo seus professores, estes alunos estão mais satisfeitos com a escola e os professores se sentem mais satisfeitos consigo mesmos, os estudos agradam mais, têm uma maior confiança e segurança e são capazes de afrontar e resolver problemas.

 “Estes efeitos são devido ao fato de que este jogo exige avaliar alternativas e ativa diferentes habilidades intelectivas juntas para poder projetar a estratégia que leva à vitória, que deve ser revista de acordo com as respostas do adversário”, segundo explicam especialistas da Universidade das Ilhas Canárias. 

Na Armênia, onde o xadrez está muito enraizado na cultura e idiossincrasias nacionais, este esporte se converteu em um assunto nas escolas primárias porque as autoridades do país consideram que fomenta o desenvolvimento intelectual dos alunos e melhora suas habilidades de pensamento crítico.

Segundo o professor internacional de xadrez Malcolm Pein, diretor da organização britânica “Xadrez na escola e na comunidade” (CSC, por sua sigla em inglês), este jogo “não somente proporciona às crianças boas habilidades de pensamento e melhorar na concentração, na memória e no cálculo, mas também ensiná-los a assumir a responsabilidade por suas ações".

Tabuleiros nas aulas
Este famoso especialista em xadrez é um grande defensor do ensinamento do jogo nas escolas e recomendou recentemente às autoridades do Reino Unido que incluam uma aula semanal obrigatória na programação educativa para os alunos de seis e sete anos, uma idade em que “são mais capazes de entendê-lo”, segundo explicou. 

Para Pein, este jogo ensina “comportamentos e normas sociais, é uma atividade bastante tranquila e disciplinada e pode permitir que se tornem atletas de primeira categoria (no xadrez) aquelas crianças que pouco são notadas em salas de aula,  como podem ser os menores e ou os mais silenciosos”.
Assim mesmo, outros trabalhos realizados pelos pesquisadores universitários estadunidenses Robert Ferguson e Stuart Margulies, demonstraram os benéficos efeitos desta atividade tanto na criatividade, como na habilidade de leitura de aqueles estudantes que o praticam.

Por outro lado, de acordo com os estudos de Robert P. Freidland, publicados no “The New England Journal of Medicine”, e outras revistas científicas, os maiores de 70 anos que praticam atividades como o xadrez têm menos risco de sofrer de Alzheimer e outras demências senis e, em caso de desenvolvê-las, está em melhores condições para enfrentar essas doenças.

Segundo os pesquisadores americanos, praticar jogos como xadrez estimula áreas do cérebro que normalmente vão se atrofiando com a passagem dos anos.

Outro trabalho liderado pela doutora Caroline Demily, do Centro de Neurociência Cognitiva de Bron (França) mostra que os pacientes esquizofrênicos que jogam xadrez diariamente melhoram algumas de suas habilidades intelectuais, como a atenção, o planejamento e o raciocínio.


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